sábado, 21 de junho de 2008

Teaser - Contos de Sangue

Finalizado então aqui a primeira edição de vídeo com foco no "Contos de Sangue".

Mais vídeos e curtas-metragens em torno do "Contos de Sangue" surgirão para que vocês possam sentir cada palavra expressa em alguns dos contos.

Esperamos que gostem e obrigado àqueles que acompanharam até agora.

Confiram então aqui neste link:
http://youtube.com/watch?v=es82PyP3rvU

-- Estúdio Tela Branca

sábado, 7 de junho de 2008

Em Busca de Olívia - Carta ao Leitor - Daniel Pedrosa


Caro leitor, aqui estamos, em frente à uma, ironicamente, TELA BRANCA, tentando de alguma forma, dizer o quanto foi prazeroso para nós, desenvolvermos a personalidade do personagem deste conto e escrevê-lo em dupla.

Inicialmente, nos baseamos em um amigo em comum, que deu o "ponta pé" inicial para o desenrolar do conto.

A dinâmica do trabalho se estendeu a tal ponto que, o personagem tomou uma forma ainda mais monstruosa do que havíamos idealizado.

O trabalho foi alvo de várias discussões entre os membros do blog, por conta do conteúdo estar se tornando mais pesado e enfim...

Mas, apesar de tudo, mais um trabalho foi concluído e postado.

Agora, gostaríamos de agradecê-los pela participação no blog, como sempre.

Continuem acompanhando, que muito mais está por vir!!!!

-- Daniel Pedrosa

-- Paulo Costa


Em Busca de Olívia - Parte III - Daniel Pedrosa

Eu sempre fui um rapaz precavido, mesmo apaixonado, totalmente crédulo nessa fantasia macabra, desconfiava que pudesse me deparar com a decepção.

Foi por isso que trouxe uma ferramenta comprada e incrementada pelo mercado negro, onde sadismo é uma palavra comparada à diversão.

Com meu "brinquedo" e um dinheiro "extra", ganhei mais uma hora de diversão com ela.

Tirando proveito do meu jeito meigo, ingênuo e puro, pedi para que ela realizasse um último desejo meu. Com muita carícia e muita malícia, não demorou para que ela estivesse amarrada com suas belas e brilhantes pernas consideravelmente abertas para mim. Conferi para que estivesse bem presa e não escapasse.

Amordacei-a de tal forma, que deu para sentir um estralo em seu maxilar! No local onde estou com ela, pode se fazer muito barulho, ninguém notaria, mas essa puta vulgar, que tem prazer em realizar seu ofício, não teria direito a nem um grito.

Como uma aberração dessas ousa se camuflar de minha Olívia?

O "brinquedinho" que por sinal não mostrei a ela, deixei que a mesma contemplasse e me deliciasse com seu desespero estarrecedor.

E lá estava eu diante dela vestindo um cilício peniano, dotado com lâminas enormes, afiadíssimo, pronto para cortar qualquer pedaço de pele ao menor contato.

Ela se contorcia com imenso pavor, e seus gritos abafados pela mordaça se tornavam rosnados de agonia.

Lá estava sua genital aberta, balançando com seus desesperados movimentos, e a chama do sexo bestial, vingativo, intolerável e sangrento possuía meu ser.

Brinquei um pouco, sem machucá-la, estava me divertindo com seu medo e desequilibro.

Sem perceber já estava em cima dela, pronto para penetrá-la, tamanha força o ódio me dera que segurava a puta com grande facilidade.

O primeiro corte tinha que ser devagar, saboroso, como um casal de adolescentes românticos fazendo amor pela primeira vez.

Escorreguei sem dificuldade alguma pra dentro dela, a mercadoria era realmente de boa qualidade, deslizei dentro dela como se cortasse seda.

Seu rosnado abafado era sem dúvida o mais sofrido. Sua face ficou vermelha, com veias saltadas em sua têmpora, seguido de um par de olhos totalmente lacrimejantes.

Podia sentir seu sangue quente, escorrendo e espirrando em mim. A segunda penetração não foi de toda rápida, porém mais profunda.

Sua boca começou a espumar pela mordaça, seus olhos torciam e seus rosnados começaram a ter um som distorcido, como um gemido entorpecido.

O prazer aumentou de maneira drástica ao ver tamanha cena, me empolguei a tal ponto, que a penetrava cada vez mais forte. Mais rápido.

Quanto mais agia, mais queria. Era insaciável. O sangue passou a espirrar de forma descontrolada, seu corpo nem apresentava mais resistência, simplesmente sacudia com meu balanço, junto ao pouco de vida que lhe restava.

Enfim... Quando alcancei meu orgasmo ela já estava morta, e o meio de suas pernas apresentava uma obra de arte maquiavélica, uma cavidade de tamanho e profundidade horrendos, que mostrava o lado oposto de Deus.

Agora estou aqui satisfeito ao realizar mais uma grande obra, deitado aos pés de nossa cama, saboreando a essência de seu corpo, me alimentando do fluido que um dia lhe deu vida, a cada gota que escorre em meus lábios, me conheço mais, e descubro minha verdadeira compulsão.

Sei que jamais vou encontrar minha amada Olívia, minha musa, minha inspiração e vida. Porém entreguei-me a procurá-la e fazer justiça em cima das vadias que sujam seu nome, sua imagem, minha cria.

Afinal, o que é vida senão um ideal, um conjunto de opiniões e conceitos que compõem você em busca de um incansável objetivo?

Talvez valha a pena buscar, mesmo que não encontre o resultado que anseia, a jornada é o sentido da vida.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Em Busca de Olívia - Parte II - Daniel Pedrosa

Hoje de manhã lá estava eu novamente. A espera do primeiro jornal da manhã de domingo. Abri mais uma vez a página de classificados, que parecia mais e mais familiar. Não pude acreditar quando li seu nome em meio a tantos outros.

"Se o que precisa é relaxar, extravasar e se livrar das garras do casamento, Olívia pode ajudar você. Loira, olhos verdes, um metro e setenta e seis de altura, sessenta e oito quilos, seios deliciosos e muito, mais muito prazer."
(01) 9714 - 3497.

Liguei a primeira vez, a segunda e tudo o que escutei foi o som automático de ocupado. Meu coração acelerou. Finalmente a voz do outro lado da linha me trouxe de volta a realidade. Sua voz era tão doce quanto o som emitido por uma lira. Combinei o local. Teria o domingo mais maravilhoso de toda a minha vida. Arrumei-me como nunca havia feito, só para ela.

Olívia, minha Olívia. Pensei. Havia chegado a hora de tirá-la dessa vida demoníaca que o infame destino reservou para você, e protegê-la em meus braços, para todo o sempre.

No mesmo local que libertei o mundo de uma mentirosa, estava preparado para a chegada de Olívia.

A certeza de ser ela, a busca que alimentava a minha alma, aumentava a cada minuto e às nove horas da noite em ponto lá estava ela, na porta do local combinado.

Seu cabelo loiro, ondulado e perfumado passava um pouco dos ombros, possuía um jeito único e especial de olhar como se ela tivesse interpretando meus textos.

Seus olhos brilhavam, juntamente com o colante vermelho vinho que vestia, o vento batia levemente em seu rosto destacando sua figura.

Meu coração ordenava para que eu me declarasse naquele instante, foi difícil me conter.

Ela foi muito direta com a ocasião. Ainda lembro do seu jeito ríspido a primeira vista. "E então, vamos subir?"

Tive que compreender, não deve ser nada fácil praticar este ofício. Sem demora ou enrolação a convidei para subir.

Ela andava rápido, parecia estar com pressa, não entendi, pensei que talvez estivesse assustada.

Ao chegarmos ao quarto lancei-lhe alguns galanteios, a tratava como a se fosse a pessoa mais importante e graciosa do mundo, pois ela assim o era.

Sua emoção não mudou, simplesmente encarou como se eu fosse mais um novato apaixonado, e dizendo que eu precisava de um "atropelo", lançou-me com habilidade maestral na cama, com suas carícias, seus toques, e sua língua, que em conjunto com sua boca formavam um grupo de estimulantes sexuais dos quais me excitaram como nunca na vida.

Seus movimentos leves e ao mesmo tempo agressivos em cima de mim fizeram com que eu perdesse a noção de meus atos, jogando-a na cama, deitada, prendendo-me em suas maravilhosas coxas. Ela gemia toda vez que lhe penetrava profundamente, e como se não bastasse, pedia para que eu lhe desse uns tapas. Providenciei para que ela recebesse muito mais do que pedira, puxando forte seu lindo cabelo loiro.

Encerramos completamente suados, parecendo dois animais famintos.

Estava exausto, mais uma noite de sexo viciante.

Estaria eu viciado em sexo?

Sabia que alguma compulsão tomava conta de mim, não sabia como definir, precisava dos conselhos de minha preciosa Olívia, que após sentir meu amor de forma tão carnal, acreditei estar disposta a enxergar e retribuir esse sentimento por mim.

Não entendi sua frieza, seu vocabulário vulgar, sua indelicadeza, essa não era minha Olívia, me senti decepcionado, mais uma vez, de forma que tal sentimento invadiu minha mente e meu coração dando a sensação de ter farpas de gelo me cortando aos poucos, de dentro pra fora.

Ira! Senti meu corpo ser tomado por esse sentimento e naquele momento meus olhos passaram de castanhos à fogo líquido.

domingo, 1 de junho de 2008

Em Busca de Olívia - Parte I - Daniel Pedrosa

Alta, magra, dona de seios fartos, que faria qualquer homem se perder completamente em apenas uma noite, olhos verde esmeralda, que reluziam ardentes como o verão e encantavam a todos. Foi assim que eu criei Olívia. A mais bela das personagens que já havia criado. O desejo tomava conta de meus dedos sempre que eu começava a escrever sobre ela. Olívia, a mais bela das putas. Como eu a desejava.

Apesar de ter escolhido viver uma vida casta, histórias sobre prostitutas, profissionais do sexo, putas ou seja lá como você as chamam, sempre me agradaram. E muito.

O que é proibido sempre atraí. É isso que dizem.

Escrever histórias sobre elas era apenas uma das formas de me libertar, de colocar para fora todos os meus desejos mais profundos e mundanos.

Mas aquilo já não me bastava. Quanto mais escrevia, mais aquele impulso infernal me tomava. "Em mim sabereis a verdade", dizia nosso salvador, após resistir bravamente às tentações de Satanás no vago deserto cinza. Eu queria tocá-la. Eu queria possuí-la, assim como todos aqueles personagens bastardos que eu havia criado o fizeram.

Procuro a minha Olívia desde então, todos os domingos, na página nove dos classificados, como se me atirasse na areia cinza do deserto das tentações, queimando minha alma em um inferno do qual não poderia escapar.

Há sete dias, encontrei um anúncio que descrevia uma dessas mulheres, exatamente como a minha Olívia. Seu nome era Vanessa, mas isso eu poderia mudar. Minhas mãos começaram a tremer e não pude resistir, liguei. Não me espantei com a facilidade de conseguir um encontro, logicamente, em um lugar escolhido por mim.

Fizemos sexo como se fosse a última noite de nossas vidas. Mas ela não era a minha Olívia. Era Vanessa. Apenas mais uma puta, vagabunda e mentirosa. Seus olhos verdes eram mais falsos que os seus gemidos de prazer. Sua pele era áspera e o seu perfume não chegava nem a ser uma imitação barata do que havia imaginado.

A envolvi suavemente em meus braços quentes, ainda suados. Ela sorriu mais uma vez, falsamente. Rezo a Deus que ela não tenha sentido nem uma dor quando torci o seu pescoço, em um movimento único e preciso, quase romântico. Ela não tinha culpa de não ser perfeita e pagou um preço alto por mentir. Não pude fechar seus olhos antes de queimá-los com seus próprios cigarros, um deles ainda aceso.

Junto com aquele cigarro, mais uma vida inútil havia se apagado.
Olívia nunca mentiria para mim. Nunca.

Liguei o rádio. Uma música melancólica começou a atravessar o meu coração como uma espada em brasa. As notas eram compatíveis com os movimentos do meu serrote, cortando e dilacerando, membro a membro daquilo que um dia fora uma mulher. Como era lindo observar as gotas de chuva caindo sobre o vidro da janela ainda embaçado, compatíveis com as gotas de sangue que escorriam por entre os meus dedos e pousavam suavemente na superfície lisa do assoalho.

A melancolia consumia meu corpo enquanto eu continuava a me indagar onde estaria a minha Olívia.

Será que eu a encontraria para contar em seus graciosos ouvidos as mais belas histórias? Como eu a desejava.