segunda-feira, 2 de junho de 2008

Em Busca de Olívia - Parte II - Daniel Pedrosa

Hoje de manhã lá estava eu novamente. A espera do primeiro jornal da manhã de domingo. Abri mais uma vez a página de classificados, que parecia mais e mais familiar. Não pude acreditar quando li seu nome em meio a tantos outros.

"Se o que precisa é relaxar, extravasar e se livrar das garras do casamento, Olívia pode ajudar você. Loira, olhos verdes, um metro e setenta e seis de altura, sessenta e oito quilos, seios deliciosos e muito, mais muito prazer."
(01) 9714 - 3497.

Liguei a primeira vez, a segunda e tudo o que escutei foi o som automático de ocupado. Meu coração acelerou. Finalmente a voz do outro lado da linha me trouxe de volta a realidade. Sua voz era tão doce quanto o som emitido por uma lira. Combinei o local. Teria o domingo mais maravilhoso de toda a minha vida. Arrumei-me como nunca havia feito, só para ela.

Olívia, minha Olívia. Pensei. Havia chegado a hora de tirá-la dessa vida demoníaca que o infame destino reservou para você, e protegê-la em meus braços, para todo o sempre.

No mesmo local que libertei o mundo de uma mentirosa, estava preparado para a chegada de Olívia.

A certeza de ser ela, a busca que alimentava a minha alma, aumentava a cada minuto e às nove horas da noite em ponto lá estava ela, na porta do local combinado.

Seu cabelo loiro, ondulado e perfumado passava um pouco dos ombros, possuía um jeito único e especial de olhar como se ela tivesse interpretando meus textos.

Seus olhos brilhavam, juntamente com o colante vermelho vinho que vestia, o vento batia levemente em seu rosto destacando sua figura.

Meu coração ordenava para que eu me declarasse naquele instante, foi difícil me conter.

Ela foi muito direta com a ocasião. Ainda lembro do seu jeito ríspido a primeira vista. "E então, vamos subir?"

Tive que compreender, não deve ser nada fácil praticar este ofício. Sem demora ou enrolação a convidei para subir.

Ela andava rápido, parecia estar com pressa, não entendi, pensei que talvez estivesse assustada.

Ao chegarmos ao quarto lancei-lhe alguns galanteios, a tratava como a se fosse a pessoa mais importante e graciosa do mundo, pois ela assim o era.

Sua emoção não mudou, simplesmente encarou como se eu fosse mais um novato apaixonado, e dizendo que eu precisava de um "atropelo", lançou-me com habilidade maestral na cama, com suas carícias, seus toques, e sua língua, que em conjunto com sua boca formavam um grupo de estimulantes sexuais dos quais me excitaram como nunca na vida.

Seus movimentos leves e ao mesmo tempo agressivos em cima de mim fizeram com que eu perdesse a noção de meus atos, jogando-a na cama, deitada, prendendo-me em suas maravilhosas coxas. Ela gemia toda vez que lhe penetrava profundamente, e como se não bastasse, pedia para que eu lhe desse uns tapas. Providenciei para que ela recebesse muito mais do que pedira, puxando forte seu lindo cabelo loiro.

Encerramos completamente suados, parecendo dois animais famintos.

Estava exausto, mais uma noite de sexo viciante.

Estaria eu viciado em sexo?

Sabia que alguma compulsão tomava conta de mim, não sabia como definir, precisava dos conselhos de minha preciosa Olívia, que após sentir meu amor de forma tão carnal, acreditei estar disposta a enxergar e retribuir esse sentimento por mim.

Não entendi sua frieza, seu vocabulário vulgar, sua indelicadeza, essa não era minha Olívia, me senti decepcionado, mais uma vez, de forma que tal sentimento invadiu minha mente e meu coração dando a sensação de ter farpas de gelo me cortando aos poucos, de dentro pra fora.

Ira! Senti meu corpo ser tomado por esse sentimento e naquele momento meus olhos passaram de castanhos à fogo líquido.

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