sábado, 24 de maio de 2008

Agulha de Salvação - Parte I - Jéssica Campos

"A corrupção se torna cada dia mais eminente. A justiça que tanto alegava possuir como prioridade a proteção social é uma das primeiras a se corromper."

- Hum... Quanta bobagem essa televisão transmite. Eu sou um exemplo nato no ramo da advocacia. Em toda a minha vida nunca coloquei um inocente na cadeia e tenho que escutar que a justiça está fraca.
- Falando sozinho meu amor? - A ironia era evidente em sua voz.
- Ah! Oi querida, não a tinha visto entrar. Como foi seu dia?
- Exaustivo. Não quero falar sobre isso. Venha, vamos fazer amor.

A família Delle era uma família contraditória. Possuíam uma bela casa na Rua da Perdição, que como o próprio nome já diz era uma perdição. Suas casas, com exceção da dos Delle, eram pobres e velhas. Janelas antigas, empoeiradas com o desdém da vida e da sujeira impregnavam na decoração urbana.

As pessoas não eram tão diferentes de suas casas. Algumas bem mais arrumadas usavam suéteres de lã. Em compensação, a miséria era um tanto quanto eminente naquela pequena parte do todo, que era a cidade de Montes.

A vizinhança tinha uma "afinidade" especial pela família Delle. Nora era uma mulher finíssima e suas sobrancelhas escuras denunciavam o falso loiro do cabelo curto e sedoso. A face era branca contendo um pequeno lábio vermelho. Era realmente linda. Porém, nem toda beleza é sutileza, e por mais fina que fosse Nora não era uma mulher sutil.

Como os Delle eram mais afortunados na questão social, procuravam ajudar aos vizinhos, pois qual bom advogado não faz mercado com os pobres vizinhos problemáticos e fofoqueiros?

Peter já havia cuidado de alguns casos na vizinhança. Alguns assassinatos básicos, matar ou morrer, como ele mesmo rotulava.
Havia colocado grandes bandidos na cadeia e em cima de tal fama construíra seu império vocacional, mas a verdade é que os bandidos eram quem eles, os poderosos, decidiam.

- Você não disse que estava exausta?- O que isso tem haver? - Dizia Nora enquanto se despia, deixando a vista seus fartos seios claros.

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