quinta-feira, 1 de maio de 2008

Mudanças de Vida - Parte II - Renato Seabra

- Nada amor, eu estava te esperando para hoje à noite. - Responde Kelly.
- Que ridícula... Saia da minha frente!

Kelly, sentindo um pouco de medo e sem responder, se levanta devagar e se afastando, pega suas poucas roupas do chão perto de seu corpo.

Ele está muito preocupado com as redondezas e não sabe o que fazer. Senta calmamente em seu sofá. Elias está preso a uma roda de pensamentos envolvendo sexo, Kelly, dinheiro, Enrique e cigarros.

Kelly se aproxima a passos lentos e tenta uma conversa amigável.

- O que você tem hoje amor?
- O que você quer? Não sou um de seus clientes... Caia fora!
- Hum... Idiota...

Elias se sente humilhado e dá um soco em seu rosto. Sem resistência e surpreendida. Kelly cai.

- Você só vem aqui com esses homens! - Grita Elias.
- Alguém tem que manter essa casa! Você não faz nada!
- Você não percebe que pode trazer perigo?! Eu devo dinheiro para gangues inteiras da cidade!
- Isso não é problema meu!
- Agora vai ser...

Elias, agressivamente, parte pra cima dela que tenta se defender, mas não consegue. Ele não está consciente do que está fazendo. Pelo menos de uma pessoa normal é o que se pode pensar. Em seus golpes parece haver leves toques de uma busca feroz para sentir algum afeto do corpo de Kelly. Suas pernas... Suas coxas... Sua barriga... Seus seios... Seu rosto... Sua boca.

Kelly nunca apanhou tanto. Ela buscava uma maneira de se desviar, mas não conseguia. Era muito difícil devido a Elias estar muito próximo. Até que em um momento Elias a joga em cima de uma mesa. Ele odeia essa mesa. Foi um presente de Gabriel. Mas essa mesa agora quebrou e em cima dela estava o celular da Kelly. Ao vê-lo cair, ela se arrasta pelo chão esticando um braço de cada vez, como se tentasse subir em uma parede, enquanto era pisoteada por Elias, até que ela agarra alguma coisa e sem ver e apertando com seu dedo em vários lugares, acaba discando para o último numero discado há algumas horas. A ligação foi feita. O primeiro toque é recebido. "Kelly? É você?" fala uma pessoa do outro lado. Mas nesse momento, Elias já havia tirado o celular das mãos dela e não suporta ouvir alguém pronunciando seu nome. Ele lança o celular na parede com toda a força, despedaçando-o completamente junto com uma lista de clientes e horários agendados por mais de três meses de trabalho garantido.

"Oras... Mas a ligação caiu..."
"Você quer ir lá ver?"
"Sim, vamos até lá"

Kelly começa a gritar muito alto e um desses gritos faz Elias parar em pé, fazendo-o pensar "Nossa... O que estou fazendo?". Isso foi o que Kelly extraiu da imagem dele parado, em pé, diante dela, porque na verdade Elias estava fora da realidade, não pensando em nada. Em puro estado de choque. Indiferente a isso, Kelly não perde a chance e pega um pedaço da mesa quebrada e bate em sua cabeça. Sem resistência e surpreendido. Elias cai.

Provavelmente esta foi umas das suas horas de sono mais tranqüilas. Mesmo que ele tentasse remédios mais fortes que uma paulada na cabeça, essa valeu por todas.

Cinco horas se passam em sono profundo. Kelly vai até sua bolsa que está no chão, pega sua carteira com dinheiro e abandona a casa deixando tudo como está. Antes de sair, olha para o celular quebrado. "Seu canalha... Você me paga por isso". Sem saber para onde ir ou talvez sem muitas opções, simplesmente sai e segue pela rua principal.

Cansada e com os tornozelos doendo por estar de salto alto, Kelly, após andar por seis quarteirões, é cercada por três carros. São carros esportivos, coloridos e até alguns familiares para ela. Tentando adivinhar quem estariam dentro daqueles carros. Só consegue perceber que realmente são muitos.

Os carros param. Kelly confia que podem ser conhecidos em busca do que ela tem a oferecer. Passa por sua mente como está machucada e totalmente sem vontade para não fazer nada. Aceitaria a morte agora se essa a convidasse. A rua está bem iluminada. Ela é um alvo fácil.

Alguns homens saem de seus carros, estão todos armados. Kelly não tem a mínima reação. Outro homem sai de uns dos carros. Tira os óculos. A iluminação da rua também o permite ver.

2 comentários:

Sidney R disse...

Parabens ,Jéh ...Daniel e todos por mais esta bela iniciativa.Sucesso para vocês...!!!
Sidneyr

Anônimo disse...

haha!!!
Obrigado Sidney!

Muitas surpresas ainda virão!