Os machucados eram marcantes nas festas de Peter. O choro sentido da criança produzia um som agudo fazendo o ar ser preso nos pulmões, tendo que segurá-lo por uma quantidade de tempo até que considerável. A liberação do ar vinha com lágrimas grossas que desciam de uma vez até a boca, passando pela secreção que escorria do nariz, trazendo uma mistura salgada até os lábios. Com a dor de ter tido uma fratura externa na perna, Julia mal conseguia chorar, o que diria responder o que era óbvio. A pequena Julia, morena, de nariz empinado estava com seus olhos grandes e escuros como jabuticaba, cheios de temor e lágrimas. O sangue de sua pequena perna mirrada escorria entre o fêmur que havia se partido ao meio. A vinda médica demorou algum tempo, quase acarretando a Peter o dever de estancar o sangue, já que Nora estava ausente. Enquanto Julia chorava a mistura de terror e dor, Pet observava-a com um olhar sereno. Mal podia se mexer, podendo relaxar seus nervos simplesmente com algumas gemidas, fazendo o sangue manchar todo o lençol onde estava deitada. Após uma atadura porca e uma limpeza bem mal feita, José, grande amigo e médico da família, retirou-se da propriedade Delle, deixando apenas uma piscadela a Peter. Aquelas palavras serviram apenas para o choro retornar à face infantil e ingênua de Julia, que mal sabia o que lhe aguardava.
- Oh! Você se machucou pequenina?
- Não se preocupe pequenina, tio Pet irá cuidar de você. - Carinhosas eram tais palavras... Verdadeiras era outro quesito.
- Realmente isso deve estar doendo. Você ficará em minha casa até sua perna sarar.
- Fique tranqüila pequena Julia, já conversei com seus pais e eles mesmos acham melhor você permanecer aqui enquanto sua perna está... Deformada? - Ria Peter - Brincadeira... Quebrada.
terça-feira, 27 de maio de 2008
Agulha de Salvação - Parte IV - Jéssica Campos
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