segunda-feira, 26 de maio de 2008

Agulha de Salvação - Parte III - Jéssica Campos

Os pais inteligentes do bairro não ousavam questionar a fétida família Delle. Afinal Peter e Nora prestavam favores à comunidade.
Quando o pobre Delfino assassinara a mulher com uma garrafa de álcool e uma caixa de fósforos após descobrir sua infidelidade, Peter fora seu advogado e conseguira provar ao juiz a inocência de tal homem, alegando que sua esposa o havia atacado com uma faca.

"‘Meritíssimo tendo em vista as provas apresentadas neste tribunal, pode-se alegar que meu cliente agiu em defesa do filho e própria já que sua esposa mostrou-se mentalmente perturbada. ’

"Delfino olhava confuso para Pet. Não havia acontecido nada daquilo. Ele simplesmente chegara bêbado em casa, e após estuprar e espancar a esposa queimou-a.

‘Mentiras burocráticas meu velho não se preocupe. ’

‘Mas senhor... Não foi isso que... ’

‘É isso ou cana, velhote - Respondia Peter agressivamente. ’ "

As festinhas eram realizadas com a desculpa de presentear as adoráveis crianças por serem obedientes com o "tio" Pet.

Sem poderem dizer algo, os pais autorizavam seus filhos a participarem, e mesmo se não permitissem o próprio anfitrião ia buscá-las. E fazia questão de lembrá-los de alguns favores.

Pet não abusava sexualmente delas, muito menos Nora o fazia. O seu desejo por elas provinha de outro canal mental.

As festas dos Delle não eram totalmente seguras e como todas e quaisquer crianças que adoram brincar em festinhas, as daquele bairro não eram exceção. Grandes camas-elásticas sem rede de proteção com grandes e grossas molas ficavam à mostra e fazia parte do entretenimento das crianças. Os monitores que deveriam fiscalizar a utilização do brinquedo estavam ausentes, pois Peter dizia serem inúteis. Com a empolgação dos grandes saltos e piruetas, era fácil ocorrer um acidente.

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