quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Dívida - Parte IV - Jéssica Campos

A gravidez só foi notada na hora do parto. As drogas lhe destruíram tanto que era quase impossível acreditar que ela fosse capaz de dar à luz. Estava magra, seus fartos seios estavam caídos e murchos. Em seus olhos resplendia a tristeza de toda uma vida, sem contar as olheras pretas que se estabeleciam em seu rosto. Parece que havia morrido. A única coisa que lhe dava certeza da vida era a criança que ela gerou, mas isso nem ela mesma sabia.

No chão de um cortiço, Morete deu à luz a uma menina. Ela não suportava o fato de ser mãe. Era mais uma boca pra sustentar, e mais pra frente seria mais uma concorrente.

Sem pensar duas vezes, pegou a criança e começou a sufocá-la com um pano. O choro da menina era eminente, ela simplesmente esgoelava. Falar que ninguém ouvia, seria mentir feio, a questão era que ninguém queria o maldito bebê.

Irritado com o choro da criança, o rapaz que lhe trouxera para aquela vida, entrara arrebentando tudo que via pela frente.

Ele a culpava. "Você fez isso por querer sua puta". E pela primeira vez na vida, Morete viu que era matar ou morrer. Não era como uma ameaça qualquer, simplesmente o ódio transparecia daqueles olhos furiosos.

A criança foi deixada de lado, chorando desesperadamente, e isso irritava mais ainda os dois. O que foi feito está feito. Ela teve apenas uma chance e aproveitou-a. Na favela a regra era essa: Matou... Você manda.

Os anos se passaram e ela passou a olhar para aquela criança com outros olhos. Não caro leitor, não foi o olhar maternal, mas sim o olhar de um lobo que espera a presa cair para atacar. Ela sentia vontade de tocar a menina. E ela a tocava. No começo apenas passava a mão, sentia a pele macia de sua filha, sua futura aprendiz, amante e concorrente.

Com os anos a menina cresceu e se tornou uma prostituta habilidosa e lucrativa. Mas o fato de olhar para ela fazia com que Morete se lembrasse de um passado, ou pelo menos uma parte em especial, que ela tentava esquecer. Jurara pra si mesma, que ia fazer aquela maldita menina sofrer por ter nascido e por ser tão bela, despertando nela o prazer indescritível.

Ele a culpava. "Você fez isso por querer sua puta". E pela primeira vez na vida, Morete viu que era matar ou morrer. Não era como uma ameaça qualquer, simplesmente o ódio transparecia daqueles olhos furiosos.

A criança foi deixada de lado, chorando desesperadamente, e isso irritava mais ainda os dois. O que foi feito está feito. Ela teve apenas uma chance e aproveitou-a. Na favela a regra era essa: Matou... Você manda.

Os anos se passaram e ela passou a olhar para aquela criança com outros olhos. Não caro leitor, não foi o olhar maternal, mas sim o olhar de um lobo que espera a presa cair para atacar. Ela sentia vontade de tocar a menina. E ela a tocava. No começo apenas passava a mão, sentia a pele macia de sua filha, sua futura aprendiz, amante e concorrente.

Com os anos a menina cresceu e se tornou uma prostituta habilidosa e lucrativa. Mas o fato de olhar para ela fazia com que Morete se lembrasse de um passado, ou pelo menos uma parte em especial, que ela tentava esquecer. Jurara pra si mesma, que ia fazer aquela maldita menina sofrer por ter nascido e por ser tão bela despertando nela o prazer indescritível.

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